A maioria dos portugueses sonha paraísos pessoais e profissionais baseados na ideia de encontrar alguém que os sustente e os comande, porque ter de pensar pela própria cabeça e ser responsável pelo pão nosso de cada dia provoca angústias difíceis de acomodar no fraco espírito das gentes.
Quando se olha pela janela do Mundo e se atenta nos milhentos problemas e incertezas que por aí abundam, este sentimento de orfandade em busca de um generoso pai omnipotente e omnisciente intensifica-se a ponto de mesmo admitirem que a esse poder corresponda algum grau de severidade na vergasta do comando.
Naturalmente, a indivíduos dispostos a obedecerem qualquer chefe parece digno de comandar e enquanto houver pão na mesa e pau nas costas tudo seguirá no melhor dos mundos.
O problema é o contexto adverso do Mundo ser pouco dado ao descuido e ao desleixo, pelo que, pretender mandar sem reconhecer as dificuldades e tentar vencê-las, acaba inevitavelmente no desastre.
Neste tempo de tantas ameaças e tantos cenários de risco incerto, importa estar atento ao conhecimento, sob as mais variadas formas e proveniente das mais variadas fontes.
Porque saber mais do que a maralha pode não garantir vantagens imediatas de pão e felicidade, mas pelo menos sustentará decisões mais lúcidas e mais responsáveis relativamente a todos os que de nós dependem, começando na família que temos de sustentar decentemente e prevenir de males maiores.
O grau de complexidade crescente dos factos naturais e sociais, bem como a natureza cada vez mais fluída e adulterada da informação proveniente das fontes institucionais, devem levar-nos a concluir que, nesta fase das coisas, tentar saber mais implica desconfiar ainda mais